Motivos para ler Estilhaça-me

5/18/2018


 Estou aprisionada há 264 dias. Não tenho nada senão um caderno e uma caneta quebrada e os números na cabeça para me fazer companhia. Uma janela. Quatro paredes. Espaço de 1,48 m². Vinte e seis letras de um alfabeto do qual não fiz uso em 264 dias de isolamento. Seis mil, trezentas e trinta e seis horas desde que toquei outro ser humano.

Estilhaça-me conta a história de Juliette. Uma garota de 17 anos que sempre foi renegada pelo mundo. Primeiro seus pais e amigos que ela nunca fizera. E tudo por quê? Porque sua pele possui poder de matar. Um poder que ela não tem culpa de ter e  não pode controlá-lo. É como um dom, mas também uma maldição. Porém, apenas uma pessoa pode tocá-la e não se machucar. Pelo menos é o que acreditam.


Juliette. Ela é uma garota incrível, que apesar de nunca ter sentido o carinho e amor de alguém, nunca quis fazer mal a nenhuma pessoa. É sério, em todo o livro apenas uma pessoa tirou ele do sério e só porque foi de propósito.


Eles são os asseclas do Restabelecimento. A iniciativa que supostamente deveria ajudar nossa sociedade agonizante. As mesmas pessoas que me arrancaram da casa de meus pais e me trancafiaram em um porão por causa de algo que me fugia ao controle. Ninguém se importa com o fato de que eu não sabia do que era capaz. De que eu não sabia o que estava fazendo. 


Depressão. Já li inúmeros comentários sobre como Juliette é "chata" no primeiro livro, ou que ela chora muito, ou está triste o tempo todo. Sim. Ela faz tudo isso. Mas é preciso entender a situação: ela se sente sozinha no mundo, rejeitada, já usada em testes, está presa há 264 dias e não pode ser tocada. Todos esses aspectos fazem ela se sentir triste e sem perspectiva. Estou colocando esse tema entre um dos motivos, porque ele precisa ser falado, precisar ser notado e, principalmente, levado a sério. Podem existir muitas Juliettes pelo mundo.


Giro sobre meus pés como se tivesse sido pega roubando comida outra vez. Isso só aconteceu uma vez, e meus pais não acreditaram em mim quando disse que ela não era para mim. Eu disse que estava apenas tentando salvar os gatos vadios que viviam pela vizinhança, mas eles não acreditaram que eu fosse humana o bastante para me importar com um gato. Não eu. Não algo alguém como eu. Além disso, eles nunca acreditavam em nada do que eu dizia. É exatamente por isso que estou aqui. 


Ficção e Distopia. Quem não ama uma boa história com o mundo destruído? Saber as consequências que o homem trouxe para o planeta? A história passa em futuro não muito distante, onde um  regime autoritário foi instaurado. O Restabelecimento, como é chamado, dividiu os países em setores comandados por líderes e exércitos que fazem de tudo para manter a "ordem". Os recursos naturais estão esgotados. Nem pássaros voam mais. Água praticamente não tem. A comida é uma pasta industrializada sem gosto. E como sempre, apenas os poderosos podem desfrutar da parte boa que resta.


Os animais estão morrendo, os pássaros não voam, as colheitas são difíceis de obter, as flores quase não existem. O tempo não é confiável. Às vezes os dias de inverno atingem 33 graus. Às vezes neva por razão nenhuma. Não conseguimos mais produzir alimento suficiente, não conseguimos mais manter vegetação suficiente para os animais, e não conseguimos alimentar as pessoas com aquilo de que elas precisam. Nossa população estava morrendo a uma taxa alarmante antes de O Restabelecimento tomar o comando com a promessa de que tinham uma solução. Os animais estavam tão desesperados por comida que estavam dispostos a comer qualquer coisa, e as pessoas estavam tão desesperadas por comida que estavam dispostas a comer animais envenenados. 

Poderes. Juliette tem o poder de sugar a energia de alguém que toca em sua pele. Mas ela não está sozinha, na história conhecemos pessoas que podem ficar invisíveis, curam com as mãos, dão choques elétricos, que conseguem levantar objetos com a mente, e são apenas alguns exemplos.
Espírito de luta. Apesar das péssimas condições em que a população vive, existem grupos dispostos a lutar em busca de um lugar melhor. Para que possam viver e não, apenas sobreviver.


Ele revira os olhos. Passa uma mão pelo cabelo. — Eu só... sou muito... flexível — diz ele. Levo um momento para processar sua confissão. — Tipo... você consegue se entrelaçar todo? — Claro. Ou me esticar se for preciso. Deve ser constrangedora a cara de idiota que estou fazendo. — Posso ver? Ele morde o lábio. Reajusta os óculos. Olha para os dois lados do corredor vazio. E enlaça um braço pela cintura. Dando duas voltas. Estou tão boquiaberta quanto um peixe morto. 


E, bem, vocês precisam ler para conhecer. Podem apostar, não vão se decepcionar. Já menti alguma vez para vocês?

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